– PROPULSÃO À ÁGUA E AR
COMPRIMIDO
(Nível de conhecimento: 9º ano fundamental II)
By Carlos K. Yamamoto e Thiago K. Yamamoto
1. INTRODUÇÃO
O objetivo do
trabalho é construir um foguete de garrafa PET, utilizando, para o seu
lançamento, água e ar comprimido, aplicando a Terceira Lei de Newton. A terceira lei de Newton (princípio de ação e reação) diz
que toda ação tem uma reação de mesma intensidade, mesma direção e sentido
oposto.
Muita gente acha que projetar foguetes a água é coisa
simples...
"É só colocar umas asinhas na garrafa pet de
refrigerante e está pronto!".
Na verdade, não é bem assim.
Guardada as
devidas proporções, um foguete a água é como um foguete espacial. É importante
saber o que é Centro de Gravidade, Ângulo de Ataque; Arrasto e Pressão
Aerodinâmica, Estabilidade, dentre outras coisas.
Resumo: O
foguete de garrafa PET aborda uma grande quantidade de fenômenos físicos e,
portanto, o professor e o aluno (mesmo à nível de curso fundamental-II) devem
aproveitar a oportunidade, para confrontar a teoria e prática.
2. ANTES DE TUDO:
SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR
Parece uma brincadeira para criança. Mas, não é:
[Tem-se no início do lançamento acelerações de 25g a 285g, onde g=10m/s² - aceleração da gravidade, com massa variando de 700 a 80 gramas. Mais adiante serão demonstrados com cálculos]
Tais acelerações com massas presentes, podem causar, por exemplo, lesões irreversíveis, caso atinja o olho de alguma pessoa durante os procedimentos de lançamentos do foguete PET - não seja imprudente!
Tenha em mente a Lei de Murphy:
“Se alguma coisa
pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o
maior dano possível.”
Portanto, prepare-se para o pior: nunca brinque durante, principalmente,
os procedimentos de lançamento do foguete.
Jamais fique na trajetória do foguete.
OS 10 CUIDADOS BÁSICOS:
1) Use sempre garrafas de plástico PET projetado para
refrigerantes gaseificados, com formato cilíndrico.
2) Carregue sempre com a pressão inferior ao valor
de teste. Faça antes um teste de pressão máxima que a garrafa aguenta.
3) Sempre aponte para uma direção livre de pessoas,
árvores, casas, lagos, etc. em toda a sua trajetória possa ser acompanhada com
os olhos..
4) Lance sempre seu foguetes longe de pessoas
alheias ao projeto, carros, linhas elétricas e telefônicas.
5) Não use garrafas que mostre sinais de riscos,
amassados, ou enfraquecimento do material.
6) Nunca use outro tipo de gás, como propulsão, que
não seja o ar ambiente. Usar sempre água comum como massa de reação; jamais use
refrigerantes já gaseificados.
7) Nunca faça lançamento com ventos fortes. O ideal é vento zero.
8) Tenha cuidado com a pressurização. Até uma
bombinha de pneu de bicicleta podemos chegar a 6,5 bar = 94,3
libras = 6,42 atm = 6,5 Mpa.
9) Antes de disparar verifique se a água no
interior da garrafa está totalmente parada.
Caso ela esteja balançando, o foguete sairá desgovernado.
10) Se
possível tenha uma biruta montada e preste atenção a ela. O vento pode mudar de
direção repentinamente.
AS 10 PREMISSAS DO PROJETO
1) Construção
do Casco: O foguete será construído de materiais leves, principalmente
plásticos, sem nenhuma parte metálica.
2) Propulsão: Utilização
apenas de água e ar comprimido dentro dos limites de segurança para cada
garrafa empregada.
3) Peso (=massa): O foguete não
pesará mais do que 1,5kg ao ser lançado.
4) Estabilidade: Verificar a estabilidade do foguete,
determinando seu centro de gravidade (CG) e de pressão (CP) antes do primeiro
vôo.
5) Sistema de lançamento: O
dispositivo de lançamento de foguetes permitirá que o disparo seja feita a, no
mínimo, 3m de distância, e terá uma forma de despressurizar a garrafa com
segurança em caso de emergência.
6) Segurança no lançamento: Não
permitir que ninguém toque a garrafa nem que se aproxime da base de
lançamento uma vez iniciado o procedimento de pressurização.
7) Condições de lançamento: Não lançar o foguete com vento forte, perto de
edificações, de fios elétricos ou telefônicos, de árvores altas, ou sob
qualquer outra condição que possa ser perigosa para pessoas ou propriedades.
8) Base de lançamento: Jamais utilizar uma base de lançamentos verticais, para lançamentos oblíquos - projetos são diferentes.
9) Direção de lançamento: Jamais lançar cuja trajetória leve a algum
alvo no solo ou no ar, nem permitir qualquer tipo de carga explosiva,
inflamável ou de substâncias perigosas. Todos os lançamentos serão feitos
dentro de 45º da vertical.
10) Testes de pré-lançamento: Nas atividades de pesquisa ou desenvolvimento de novo
projeto, fazer o possível para determinar sua confiabilidade por meio de testes
e ensaios estáticos ou em solo. Fazer o lançamento de foguetes em teste em
completo isolamento de pessoas que não estejam efetivamente participando do
ensaio.
3. ADQUIRINDO O KNOW HOW (=conhecimento)
PESQUISA
Se você nunca fez um foguete, leia tudo que puder sobre foguetes. Vasculhe
todos os sites disponíveis sobre o assunto e absorva o que puder antes de tudo.
DEFINIÇÃO
DA META
Decida primeiramente o alvo (no bom
sentido) do seu projeto: Grande altitude? Carga pesada? Trajetória de precisão?
O projeto é viável tecnicamente, ou é apenas bonito para uma exposição da feira
de ciências? Pode ser feito com sucata ou precisa de peças e materiais caros?
Nosso caso o objetivo é alcançar a maior
distância horizontal.
CAPACITAÇÃO
(Material e Conhecimento)
Uma palavra muito importante... Você tem as ferramentas necessárias à mão? Vai
ter que fazer um desenho em tamanho natural para ver se tudo se encaixa
direitinho? Vai precisar fazer um modelo no computador? Você realmente tem
habilidade e conhecimento suficiente para dar conta de construir,
especificamente, esse projeto?
Um pouco de teoria
O objetivo do trabalho é
construir um foguete de garrafa PET, utilizando, para o seu lançamento, água e
ar comprimido, aplicando a Terceira Lei de Newton. A
terceira lei de Newton (princípio de ação e reação) diz que toda ação tem uma
reação de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto.
Centro de massa ou
centro de gravidade
O centro de massa
(CM), também, conhecido por centro da
gravidade (CG), consiste num ponto de um sistema físico composto por várias
massas de um corpo rígido, no qual se pode considerar situada toda a massa
concentrada, quando se analisa o movimento do referido sistema, no interior de
um campo de forças homogêneo e exterior.
Resumidamente: O centro de massa (ou centro de gravidade) é
o ponto no qual, se concentra a massa de um corpo.
Figura-1
Centro de pressão
O centro de pressão
(CP) é um ponto aonde atua a resultante das forcas aerodinâmicas as quais o
foguete está sujeito.
A localização de tal ponto no corpo do foguete e determinado
por um conjunto de fatores, que incluem:
·
Comprimento e forma da Coifa (Nariz) do foguete.
·
Comprimento do foguete em si
·
Dimensões e formas das aletas (O mais importante
).
Estabilidade
Uma garrafa nua pode ser lançada como foguete, mas ela
certamente vai girar e rolar, o que causará, dentre outras coisas, um arrasto
(força que tende a empurrar o foguete para trás) muito maior do que outra
garrafa que consegue manter-se com o nariz sempre apontado para frente.
A estabilidade (E) de um foguete depende das posições
relativas do centro da massa e do centro de pressão. Por via de regra o centro de massa deve se
localizar mais próximo do nariz e o centro de pressão atrás deste. E a
distância entre os dois deve ser igual ao diâmetro externo máximo (dmax) da
fuselagem.
Nota: caso seja inferior ao diâmetro externo máximo, o
foguete será instável e se for superior, será muito estável e o foguete será
muito carregado pelo vento.
É um número adimensional; onde dMAX é o maior diâmetro da
fuselagem do foguete e CP e CG são medidos a partir da ponta do
nariz.
- Estável: E > 0 (recomenda-se usar E > 1; E= 1 em geral já é suficiente)
- Neutra: E =
0
- Instável: E < 0
Ângulo de ataque
Chamamos de ângulo de
ataque àquele formado pela posição da fuselagem do foguete (no sentido
longitudinal) em relação ao fluxo de ar produzido pelo seu deslocamento (vento
induzido), adicionado de forma vetorial
com o vento natural (vento real) existente sobre a fuselagem. Quanto menor for
esse ângulo, mais alinhado o foguete estará.
Figura-2
O vento real
é aquele que sentimos quando estamos parados, é o deslocamento
de massas de ar, derivado dos efeitos das diferenças
de pressão atmosférica entre duas regiões distintas. Responsável pela perturbação na trajetória.
O vento induzido
é aquele gerado quando nos deslocamos através de uma massa de ar. Responsável pela força de arrasto.
O vento aparente (ou
virtual) é a soma vetorial dos ventos real
e induzido.
Força de arrasto
Arrasto é a força que faz resistência ao movimento de
um objeto sólido através de um fluido (um líquido ou gás).
O arrasto é feito de forças de fricção (atrito), que agem em direção paralela à
superfície do objeto, portanto, depende da velocidade deste objeto.
Fórmula para calcular a força de arrasto:
- Fd é
a força do arrasto.
- Cx é
o coeficiente de arrasto (grandeza sem dimensões determinada
experimentalmente) – depende do tipo de nariz do foguete
- ρ é
a massa específica do fluido (Na atmosfera terrestre, e de
acordo com a equação barométrica tem o valor de 1,293
kg/m3 a 25°C
e 1 atmosfera),
- v é
a velocidade do foguete em relação ao fluido,
- A = área de
referência (=área transversal do foguete)
As forças atuantes sobre
foguete
Todas as forças existentes no
lançamento com uma inclinação de, por exemplo, 45º em relação ao vertical.
Vamos admitir que:
1) O vento natural
inexistente (velocidade do vento natural é quase zero);
2) A densidade do ar
é constante na trajetória (variação desprezível);
3) A massa total de água e ar de propulsão iguais a zero
(não existe variação de massa, após ejeção total de água);
4) Coeficiente de
arrasto (Cx) é constante com a velocidade.
Figura-3
PESO (P):
P = mg (peso total), onde m = massa e g = aceleração da
gravidade
Py = mg (componente
vertical)
Px = 0 (componente horizontal)
FORÇA DE ARRASTO (A):
A = 1/2.Cx.ρ.v².A
Onde:
Cx = coeficiente de
arrasto (=coeficiente de atrito)
ρ = densidade do ar (massa específica do ar)
v² = velocidade do foguete em relação ao ar
A = área transversal do foguete (área de
referência)
Ax = A.cosα
Ay = A.senα
É uma força que faz
oposição ao movimento (pois é força de atrito).
FORÇA DE EMPUXO (E):
E = força de empuxo total
Ex = E.cosα
Ey = E.senα
CÁLCULO DO EMPUXO
O escoamento de água através do orifício de saída da garrafa
provoca uma força de empuxo, ou força de reação. A mecânica do
problema é a mesma que envolve a propulsão a jato. Sob algumas
condições que a equação de Bernoulli possa ser aplicada, pode-se calcular empuxo no sistema
(Garrafa, água e ar pressurizado).
Figura-4
Se A2 é a área do orifício de saída, ρ é a
densidade do fluido que está sendo expelido e v2 é a velocidade de
ejeção (descarga), a massa do fluido expelida no tempo dt será ρ.A2.v2.dt
e seu momento linear (massa x velocidade) será
ρ.A2.(v2)2dt. Como a velocidade no ponto 1 é muito menor
do que no ponto 2 (Velocidade de ejeção), pode-se dizer que o fluido inicia o
escoamento partindo do repouso, adquirindo o momento acima no tempo dt.
A taxa de variação de momento será conseqüentemente
que, pela Segunda Lei de Newton (F=m.a), é igual
à Forca que atua sobre ele.
Pela Terceira Lei de Newton, uma Força de Reação igual e de
sentido contrário atua no restante do sistema. Usando a expressão do Teorema de
Torricelli, tem-se:
Onde:
- P é a pressão interna da garrafa;
- Pa é a pressão atmosférica.
- v2 é a velocidade de descarga (=ejeção)
- ρ é a densidade da água (= 997,0479 Kg/m³)
A Força de Reação (=Força de Empuxo) pode ser escrita
como:
Enquanto a velocidade de descarga é inversamente
proporcional à densidade, o empuxo independe da massa, sendo função apenas da
área de saída e da pressão manométrica (P–Pa).
Velocidade de expansão do Ar no foguete
Podemos relacionar a taxa que água é ejetada com a taxa com
que o volume de ar V dentro do foguete aumenta. (Esta relação é conhecida como
equação de continuidade).
O tempo ∆t gasto durante o processo expansão é pequeno, portanto, podemos
desprezar as trocas de calor que acontece no foguete, logo é uma expansão tipo
adiabática.
Admitindo que o ar seja um gás ideal, é verdade que:
P0 = pressão absoluta inicial dentro do foguete
V0 = volume inicial
de ar dentro do mesmo
V = volume final, que é o volume
da garrafa
= razão entre os calores específicos molares à pressão
constante (Cp) e à volume
constante (Cv)
Podemos agora calcular a velocidade de escape “v ” da seguinte
forma:
Onde:
- P é a pressão interna da garrafa em função de volume
inicial e final do ar;
- Pa é a pressão atmosférica.
- v é a velocidade de descarga (=ejeção)
- ρ é a densidade da água (= 997,0479 Kg/m³)
CÁLCULO (Calculando a
Força de Empuxo):
Dados do foguete:
- Volume
interno = 2 litros
= 0,02 m³
- Diâmetro
interno da garrafa = 100
mm = 0,1 m;
- Diâmetro
da saída = 21,5 mm
= 0,0215 m;
- Pressão
interna relativa = 500.000 Pa (=72,5 psi, libras/polegadas ao quadrado),
pressão máxima da garrafa PET utilizado = 965 KPa (140 Psi); (500 KPa = 72,5 Psi = 5 Bar)
- Pressão
atmosférica: 100.000 Pa
Logo, o valor de Ey = E.senα (= parte do empuxo responsável pela elevação
do foguete, quando o lançamento é 45º em relação ao vertical).
Ey = 290,44*0,707 = 205,37 N
Da mesma forma, parte
do empuxo responsável pelo deslocamento horizontal é: Ex = E.cosα
Ex = 290,44 * 0,707 = 205,37 N
Quando um corpo varia a sua velocidade com o tempo, diz-se
que o corpo esta sofrendo uma aceleração. O empuxo calculado por Bernoulli
expressa o valor máximo da força de empuxo. O foguete em vôo comporta-se com
outras forças atuando no sistema como:
1- Peso
2- Resistência (=atrito) do ar (conhecido como Força de
Arrasto)
Para simplificar desprezaremos a resistência do ar e o vento.
Portanto a Força resultante (Fr) será a Força de Empuxo (Fe) menos a Força Peso
(Fp).
Fr = Fe –Fp = E – P
Onde:
Fr é a Força Resultante;
E = Fe é a Força de Empuxo;
P = Fp é a Força Peso.
No sentido y (vertical)
Dados para um foguete que será lançado na direção vertical:
g = 10 m/s2
(Adotado);
Empuxo E = 290,44 N (calculado);
Massa do foguete = 100 g = 0,1 kg; P = 1 N;
Massa da água = 600 ml, aproximadamente 0,6 kg. P = 6 N.
Fr = E – P =
290,44 – (1 + 6) = 283,44 N
Então, pela 2a Lei de NEWTON, a aceleração
será:
Fr = m.a
Massa inicial: 0,7 kg
Massa final: 0,1
kg
1) Aceleração inicial = 283,44 / 0,7 = 404,91 m/s²
(aproximadamente: 40g,
g=aceleração da gravidade)
2) Aceleração final = 283,44 / 0,1 = 2.834,40 m/s²
(aproximadamente: 283g)
Vamos calcular a velocidade aproximada do
foguete, após a ejeção total de água:
Adotaremos os seguintes dados:
a) A aceleração do foguete = 404,91 m/s², constante
durante toda a ejeção de água (o que não é verdadeiro, pelos cálculos
anteriores);
b) O tempo gasto pela ejeção = 70 ms = 0,070 s
A velocidade pela equação básica de cinemática:
V = Vo + a.t (movimento retilíneo uniformemente variado -
MRUV)
Sendo que Vo = 0,
porque o foguete estará em repouso (=parado) na plataforma de lançamento.
Esta velocidade V será a velocidade inicial do foguete após a ejeção total de água, portanto, quando
inicia o movimento balístico (sem propulsão).
V = a.t = 404,91 * 0,070 = 28, 34 m/s → V = 28,34 m/s
Também, podemos calcular a mesma velocidade, utilizando a
seguinte equação (mecânica dos fluidos):
Onde:
- P é
a pressão interna da garrafa em função de volume inicial e final do ar (=
500.000 Pa, valor adotado: aprox. metade da pressão que suporta a garrafa
PET);
- Pa é
a pressão atmosférica (= 100.000 Pa).
- v é a velocidade de descarga
(=ejeção)
- ρ é
a densidade da água (= 997,0479 Kg/m³)
Verifica-se que há uma pequena diferença entre as duas
velocidades encontradas, mas, podemos desprezá-la.
Cálculo da altura máxima para lançamento
vertical
Figura-5
Pela conservação de
energia, temos que:
(Ec)inicial
+ (Ep)inicial
= (Ec)final
+ (Ep)final
Onde:
Ec = Energia cinética
Ep = Energia potencial
(Ep)inicial = 0, altura = zero
(Ec)final = 0, velocidade final = zero
Logo temos:
Então,
Cálculo da altura e distância horizontal
para lançamento a α graus em relação à horizontal (=lançamento oblíquo).
Figura-6
Voy = Vo. senα
Vox =
Vo.
cosα
O lançamento oblíquo resulta da composição de dois
movimentos independentes:
a) Movimento vertical – Nesse movimento, a velocidade é variável, pois o corpo está sujeito à aceleração da gravidade: na subida, o movimento é retardado (velocidade e aceleração têm sentidos contrários); na descida, o movimento é acelerado (velocidade e aceleração têm sentidos iguais).
No ponto mais alto da trajetória, podemos dizer que a componente vertical da velocidade do foguete, automaticamente, irá se anular; e a velocidade irá diminuir à componente horizontal.
Vy = Vo . senα – g.t
No ponto mais alto, temos que Vy = 0 e t = tsubida
Logo:
0 = Vo.senα – g.ts
Pela conservação de energia, temos que:(a altura máxima)
b) Movimento horizontal – Esse movimento é uniforme, uma vez que Vox é constante (desprezando-se a resistência do ar).
É importante lembrar que: O alcance é mesmo para diferentes corpos, lançados com a mesma velocidade inicial e com ângulos de lançamento complementares (aqueles cuja soma vale 90°).
O tempo total é igual a:
tempo de subida + tempo de queda (=descida)
O alcance pode ser calculado pela seguinte equação:
(Movimento Uniforme, Velocidade constante)
Podemos notar que D é máximo, quando sen2α = 1.
Neste caso o seno deve ser igual a 1,
quando 2α = 90º, logo α = 45º
Retornando ao nosso projeto:
A altura máxima para o lançamento de a 45º em relação
horizontal.
Vo = 28,34 m/s
α = 45º
g = 10 m/s²
sen45º = 0,7071
Logo, Hmax = [(28,34)² . (0,7071)²] / 2.10 = 20,08 m
Hmax = 20,08 m
A distância máxima para o mesmo lançamento:
Dmax = (28,34)² / 10 =
80,32 m → Dmax = 80,32 m
Montagem do foguete PET.
Materiais utilizados:
Foguete:
1) 2 garrafas PET de 2 litros, cilíndrica e com
paredes lisas, para refrigerante gaseificado;
-
Fuselagem e nariz do foguete
2) 1 rolo (de papelão) – o que sobra de um rolo de
papel alumínio
-
Ponta do nariz do foguete
3) 40
g de areia
-
Ajuste do centro de massa
4) 1 folha de isopor de 4 mm (aproximadamente)
-Aletas
(=empenas) do foguete
5) 1 canaleta de PVC para encadernação.
-
Fixação das empenas (=aletas, asas)
Plataforma de lançamento:
6) 1 x Tubo de alumínio 1/4", 500
MM
7) 1 x Luva PVC 25 MM
8) 1 x Tubo de PVC 25 MM, 500 MM
9) 4 x Tee PVC 25MM
10) 2 x Bicos para pneu de automóvel
11) 1 x Espigão de latão, fêmea, 1/4” rosca BSP
12) 1 x Espigão de latão, macho, 1/4" rosca NPT
13) 1 x Válvula esfera de PVC, 25 MM
14) 1 x Manômetro escala dupla (0 ~10 bar, 0 ~ 140
psi), diâmetro 6,3 MM,
conexão 1/4" BSP
15) 5
M de mangueira plástica 1/4”
16) 65
CM de viga de madeira ( 5 x 10 CM )
17) 1 x Chapa de aglomerado (34 x 69 CM)
18) 1 x Luva de PVC, 40 MM
19) Pregos diversos
20) Parafusos autoatarraxante diversos
21) Pedaços de chapas de madeira diversos
22) 10 x abraçadeiras nylon 48 x 200 MM
Genérico:
1) Barbante – 3 m;
2)
Placa de madeira (aglomerado) – base de
trabalho;
Insumos:
1) Fita adesiva, Silver Tape (3M) – 5m: resistente
a ruptura, à água, apresenta memória mecânica boa dentro da sua faixa de
elasticidade.
2) Fita adesiva, reforçada de tecido, Adelbrás –
5m: resistente à ruptura, à água, boa elasticidade;
3) Adesivo FIXTUDO, Adespec, 1 tubo de 20g –
resistente à água, choque, tração, flexão, torção, temperaturas -40ºC ~ 120ºC.
4) 1 x Tubo de cola para PVC, 20 g
Ferramentas e equipamentos
1) Paquímetro;
2) Régua – 40 cm;
3) Trena – 5 m;
4) Tesoura;
5) Estilete;
6) Alicate de corte;
7) Lixa de unha;
8) Balança de precisão;
9) Canetas diversas;
10)
Compasso;
11)
Arco de serra;
12)
Chaves de fenda – diversos tamanhos;
13)
Pincel – diversos tamanhos;
14)
Furadeira;
15)
Brocas – diversos;
16) Esquadro de marceneiro
17) Serrote manual
18) Catavento (fabricação própria) - (direção e sentido do vento)
19) Bomba de ar, pressão nominal 10 bar
20) Anemômetro Digital TAD-500 Instrutherm (velocidade do vento)
21) Astrolábio (fabricação própria)
22) Bússola (=compasso)
Para execução da montagem do modelo adotamos a seguinte forma:
Quanto mais precisa a preparação das partes e da montagem, como consequência, tem-se melhor eficiência de voo.
Primeira Etapa (Fuselagem):
Mantenha uma das garrafas
intacta; corte a parte superior da outra garrafa e com a fita adesiva cole-a ao
fundo da garrafa que está intacta; amarre o barbante em torno dessa garrafa,
posicione-o sobre o centro de massa, segure na outra extremidade do barbante e
gire o conjunto em torno de você, para verificar as condições de estabilidade;
um conjunto estável deve girar com o nariz apontando para a direção do
movimento.
Figura-7
Segunda Etapa (Empenas):
Desenhe a empena no papel grosso, conforme o projeto, e use
a como gabarito, desenhe sobre as folhas de isopor e corte-as; pense em uma
maneira de fixar as empenas (utilizamos canaleta de PVC com outro pedaço de
garrafa PET) na região do bico da garrafa intacta (bocal de saída), ou seja, o
mais baixo possível. As empenas após a fixação devem estar alinhadas e
simétricas; novamente, com a utilização do barbante faça o teste de
estabilidade.
Notas:
- Temos
que projetar e construir uma empena feita de um material muito mais leve
do que o resto do foguete. Não deve influenciar muito no deslocamento do
centro de massa.
- As
empenas são facilmente substituíveis.
Se houver algum dano podemos trocar as empenas de forma fácil.
- As dimensões finais da empena foram conseguidas empiricamente durante os testes de estabilidade, observando-se a distância entre o centro de massa (=gravidade) e centro de pressão.
Figura-8
Detalhe da peça para fixação da empena.
Figura-9
Figura-10, detalhe de fixação da canaleta.
Figura-11, a altura do pedaço da garrafa PET é 65 MM.
Figura-12
Terceira Etapa (Ponta do
nariz):
Fazer a ponta do nariz
para que suporte o impacto com o solo no final da queda (e outras palavras,
quando retorna ao solo). Utilizar rolo de papelão duro e isopor.
Nota:
- O
nariz é facilmente substituível se houver algum dano.
Quarta Etapa (Ajustes):
É importante garantir a estabilidade do foguete. A distância entre o centro de massa e centro de pressão deverá ser aproximadamente igual ao diâmetro transversal maior da fuselagem. Existem três maneiras de fazer este ajuste, se houver necessidade: i) aumente a massa do nariz, ou; ii) aumente o tamanho da empena, ou; iii) ambas as operações.
Lembrar que o centro de massa deverá estar mais próximo do nariz do foguete e centro de pressão deverá estar abaixo, aproximadamente, diâmetro da fuselagem (parte mais larga). Se esta distância for muito menor que o diâmetro teremos um foguete instável, porém, se tivermos distância muito maior que o diâmetro, então teremos um foguete super estável (neste caso, a tendência do foguete é se alinhar com o vento natural presente no local do lançamento).
Figura-13, foguete PET já montado.
Figura-14, Pintado e pronto para o lançamento
A montagem da plataforma (=base) de lançamento.
Preparamos todas as partes da parte de suporte (100% de madeira) e da parte de pneumática (=pressão). Utilizamos pregos e parafusos autoatarraxante para madeiras e adesivo para PVC.
Figura-15: base de lançamento
O manômetro é para monitorar a pressão real do sistema durante a pressurização e no momento do disparo. Podemos calcular o empuxo com mais exatidão.
A válvula esfera é para eventual despressurização do sistema na emergência e para dreno da água acumulada no sistema sem ter que virar a base, que durante os lançamentos de teste está "pregado" ao solo.
Base de lançamento foi projetada para que a pressurização e disparo do foguete sejam realizados a uma distância de 3 metros.
O sistema de lançamento tem a massa de 6,5 KG, portanto, insuficiente para reagir contra ao componente horizontal da força de empuxo, portanto, devemos chumbar (=pregar) ao solo.
Para os testes de lançamento:
Condições:
1) Pressão interna: 5 bar;
2) Lançamento oblíquo: 45º em relação ao solo;
3) Paralela ao vento natural no mesmo sentido;
4) Paralela ao vento natural no sentido contrário;
5) Oblíquo à direção do vento.
Medir em todas condições acima:
a) distância (horizontal e vertical) do voo e o tempo total gasto;
b) verificar (visualmente) o comportamento do foguete durante a viagem, se apresenta rotação, trepidação, correção da influência do vento, etc.
Resultados dos testes de lançamento:
O evento de lançamento agendado pelo colégio (Escola Cristã Pan Americana (PACA), Rua Cássio de Campos Nogueira, 393 - Cidade Dutra São Paulo - SP, 25 de outubro 2014). Não aproveitamos nenhum resultado deste lançamento (que foi único). Vale observar que uma outra equipe construiu o seu foguete com nossas especificações e notamos que o foguete se comportou muito bem durante o voo - tivemos a certeza que o nosso projeto está correto. Por outro lado, o lançamento realizado pela nossa equipe foi um desastre... os amigos que fizeram o lançamento, não souberam nem fixar o ângulo de lançamento.
Um dia depois (domingo, 26 de outubro de 2014) realizamos os primeiros lançamentos com a nossa especificação, com a nossa base de lançamento de segurança para os lançadores.
Local: Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo (PNMFC) - que não é Parque do Carmo, escolhemos este local porque não há frequentadores mesmo no domingo.
Não obtivemos resultados que esperávamos, porque o vazamento na conexão do foguete e base eram muito grande na pressurização. E para ser disparado de uma distância segura devemos ter uma pressurização estável sem vazamentos, ou vazamento mínimo. A pressurização máxima que conseguimos foi de aproximadamente 1,5 Kgf/cm².
A semana seguinte foi para reparar a parte da conexão.
Parâmetros reais de lançamentos
(Local dos testes finais: Município de Itu-São Paulo)
[Data: 27-Jan-2015 (verão brasileiro)]
Houve outro imprevisto durante os testes lançamentos: devido ao vazamento na conexão do foguete com a base de lançamento, não obtivemos sucesso no reparo do vazamento, portanto, não conseguimos uma pressão de 500.000 Pa (para lançamento) como havíamos considerado nos cálculos teóricos.
1) Pressão de lançamento anotado: 375.000 Pa (3,75 Bar, ~3,8 Kgf/cm²)
2) Pressão atmosférica local: 93.219 Pa (0,93 Bar, 0,95m Kgf/cm²)
3) Aceleração da gravidade local: 9,806 m/s²
4) Vento local medido: 1,3 m/s, direção: SE (sudeste)/NO (noroeste); sentido: de NO (noroeste) para SE (sudeste)
5) Densidade da água: 997,0479 Kg/m³
6) Quantidade de água utilizada por lançamento: 600 ml
Figura-16: foguete pronto para o lançamento
7) Distância máxima (média) anotada: 59,0 metros;
8) Altura máxima (média) medida (por astrolábio): 15 metros.
Figura-17: Instrumentação utilizada
Comentários sobre os resultados obtidos:
- O vento presente no momento dos testes não influenciou nos resultados dos testes.
- Quanto à distância horizontal máxima (média): O valor teórico recalculado é: 57,72 metros, pois: P = 375.000 Pa, Pa = 93.219 Pa, ρ = 997,0479 (densidade da água), logo velocidade inicial do foguete é dado por: vo = raiz[2*(P - Pa)/ρ] = 23,79 m/s. O valor medido (59,0 metros) é ligeiramente superior ao valor teórico (57,72 metros). A diferença é de 1,28 metros (=2%), portanto, está, totalmente, dentro do esperado. E este erro é, provavelmente, o reflexo da soma de erros nas medidas da pressão interna do foguete e da pressão atmosférica.
- Quanto à altura máxima
(média): O valor teórico recalculado é: 14,43 metros. Sendo que o valor (médio) medido foi de:
15,12. Observa-se que o valor médio
medido é ligeiramente maior que o valor teórico esperado. A diferença é de: 0,69 metros (=5%),
este erro é devido à precisão na medida da altura por astrolábio (depende
muito de quem está medindo). Um
erro de 5% é perfeitamente aceitável dentro das condições de ensaio.
- O foguete não apresentou comportamento anormal durante o voo, comprovando que o projeto resultou em um foguete estável.
Para terminar, alguns comentários:
Do
ponto de vista de física: este trabalho permitiu a exploração de vários
conceitos físicos, por exemplo, empuxo, força de arrasto, ventos virtuais,
trajetória, movimento, força, momento e energia.
Matematicamente: observaram-se aspectos importantes como ferramenta para
solução de problemas, a matemática como raciocínio,
geometria, computação (=planilha microsoft-excel) e estimativa.
Este
trabalho serviu para desenvolver habilidades do processo científico como da
observação, medida e coleta de dados, inferência, previsão, construção
de modelos, interpretação de dados (entre teóricos e empíricos), controle de variáveis, capacidade de
definição operacional e investigação.
A finalidade principal deste trabalho-estudo
não foi aprender a montar um foguete PET e seu respectivo disparador. Mas, sim, infinidades de estudos realizados
no campo de física e aplicação da matemática como ferramenta.